As pontes sempre foram de grande importância e necessidade para o desenvolvimento e progresso do arraial, da vila e da cidade, por ser São João del-Rei atravessada pelo Córrego do Lenheiro e seus diversos afluentes.
No tempo de arraial e primeiros anos de vila, eram muitas as pinguelas, principalmente na parte central. As enchentes sempre arrastavam os pranchões das primitivas pinguelas por água abaixo e fez com que os dirigentes da comuna pensassem na construção das primeiras pontes de madeira.
Já em 1719, o Senado da Câmara abria concorrência para construção de duas pontes de madeira, uma sobre o Córrego do Lenheiro e outra sobre o Córrego Água Limpa. Na segunda metade do século XVIII trataram da construção e conservação do "cais", como proteção contra as erosões das margens do Lenheiro.
Encontramos, em 30 de dezembro de 1779, um termo em que Antônio Francisco Sarzedo se compromete a restaurar o "cais" que vai da ponte da Intendência (Cadeia) para a do Rosário. Esse cais ou paredão havia sido terminado pouco antes, mas foi parcialmente destruído por uma cheia.
Pelos gastos constantes com a conservação das pontes de madeira, principalmente a do Rosário e da Cadeia e para melhor segurança de seus habitantes, os administradores da Vila cogitaram da construção de pontes de pedra e cal.
As construções dessas pontes de pedra vieram mostrar o patriotismo e desprendimento dos representantes do povo, na época, que, por duas vezes, pelo menos (1798 e 1804), abriram mão das propinas que venciam durante todo o ano, para que pudessem ser efetuadas as obras "necessárias ao bem público e uso comum dos Povos".
As pontes de pedra atualmente são duas: a Ponte do Rosário e a Ponte da Cadeia, mas também já existiu a Ponte da Santa Casa, todas as três sobre o Córrego do Lenheiro.
A segunda ponte de pedra a ser construída foi a pequena Ponte do Hospital da Misericórdia ou Santa Casa, para facilidade e maior segurança das pessoas que necessitavam ir à Casa de Caridade.
Foi arrematada por Aniceto de Sousa Lopes no dia 12 de dezembro de 1798, tendo como fiador o mesmo Mestre Francisco de Lima Cerqueira que, segundo pensamos, foi seu professor no ofício. Pelo contrato devia estar terminada em junho de 1799.
Era de um só arco de cantaria lavrada e está soterrada desde o ano de 1892, quando foram retiradas as grades, também de cantaria, para o alargamento da rua e capeamento da galeria de passagem subterrânea do córrego do Segredo, na atual rua Comendador Bastos.
Todas as páginas sobre as Pontes de Pedra e o Córrego do Lenheiro foram baseadas na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, págs. 75-81. Consulte a bibliografia para uma lista completa.
© Desenhos dessa página são de autoria de Geraldo Guimarães