Duas grandes e magníficas telas estão colocadas aos lados, logo abaixo dos óculos da Capela-mor são emoldurados em talha dourada artisticamente trabalhada. Uma representa a "Ceia do Senhor", a outra "Jesus em casa de Simão - o Fariseu".

A "ceia" é pintada no estilo Da Vinci, com a mesa oitavada. É belo colorido e os personagens bem retratados.

A tela de "Jesus em Casa do Fariseu" se afasta do comum das composições pictóricas: tem as duas principais figuras localizadas em primeiro plano, mas nas extremidades do quadro, a de Cristo ao lado esquerdo da tela e a do anfitrião, ao lado direito. O centro é ocupado peloa demais convivas atrás da mesa.

Aos pés de Jesus está a pecadora ungindo e lavando seus pés, em lágrimas. Os personagens e suas vestes têm um bonito colorido, não mostrando os duzentos e tantos anos que foram pintados e para cá vieram. Estas telas também foram restauradas e voltaram ao seu primitivo frescor. Estavam escurecidas e esverdeadas devido aos retoques e verniz.

São obras de arte dignas de qualquer museu e de serem apreciadas por seu valor artístico. Vieram de Portugal, nos trinta e dois primeiros anos do século XVIII, ignorando-se o nome de seus autores.

Duas cartelas completamente doiradas estão localizadas logo abaixo das telas, são ladeadas de anjos que sustentam guirlandas de flores. As pinturas existentes ao lado de cada uma denunciam o gosto oriental de seu autor.

Outros cartelas sem anjos e também douradas ficam abaixo de painéis de vasos floridos.

O teto da Capela-mor, assim como o camarim do trono, é dividido por quatro frisos dourados tendo triângulos também dourados e caprichosamente executados, nos intervalos deixados por sua trama. No entrecruzar destes frisos forma-se uma rosácea que termina em forma de pinha.

O altar-mor e a Cátedra do Bispado ficam em plano mais alto e para lá se chegar é necessário subir alguns degraus de pedra trabalhada.

O retábulo do altar-mor é um conjunto artístico e de muito bom gosto, em que se notam colunas salomônicas, figuras e ornatos reunidos harmonicamente, ressaltando, ao olhar do observador, essa obra finamente burilada.

Coroando o retábulo do altar-mor está a figura bem esculpida do Pai Eterno, sob um dossel. Pouco abaixo se vê uma Pomba - símbolo do Divino Espírito Santo - no centro de raios e ladeado por anjos, um deles sustentando um globo. Cabeças de pequenos anjos ladeiam este conjunto, que lembra o dogma da Santíssima Trindade, pois o Filho - Jesus Cristo - está sobre o altar ou no Sacrário em Corpo, Alma e Divindade.

Para completar esse quadro vêem-se dois anjos em tamanho natural, em vestes coloridas e atitude de respeito, assentados em volutas colocadas nos lados da abertura do trono, mais aos cantos, outros dois anjos, um de cada lado, apontam as pessoas Divinas.

Dois pares de colunas espiraladas do retábulo, com coberturas ornamentais formam nichos em que são venerados São José e São João Batista.

Nas paredes laterais anjos dourados, como cariátides, sustentam capitéis que apóiam o entablamento que corre por toda a parede, como complementação do artístico retábulo.

Perto do Arco Cruzeiro e do Trono estão painéis que representam grandes vasos floridos em pedestal - e acham-se colocados um em frente ao outro.

A iluminação natural se faz através de dois óculos ovalados, localizados pouco acima das telas.

Texto retirado do livro "Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar" LUÍS DE MELO ALVARENGA, 2ª Edição