Inconfidência Mineira



No fim do século 18, o Brasil ainda era colônia portuguesa. Uma das principais riquezas da terra era o ouro, extraído das Minas Gerais, que no entanto não beneficiava a colônia, onde o povo passava necessidades. Os altos impostos também não eram aplicados aqui, mas iam para Portugal e daí para a Inglaterra, que dominava economicamente a Europa. Assim, o ouro do Brasil foi uma das principais fontes de financiamento da Revolução Industrial inglesa.

Tal situação e a falta de liberdade começaram a incomodar um grupo de intelectuais, religiosos e militares em Minas, influenciados também pelas idéias do Iluminismo e da Maçonaria, presentes em movimentos como a Independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa que aconteceria em julho de 1789.

Do grupo faziam parte, entre outros, os juristas Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa; o engenheiro José Álvares Maciel; os militares Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes), Alvarenga Peixoto e Luiz Toledo Piza; os médicos Salvador Amaral Gurgel e Domingos Vidal Barbosa; os padres Luís Vieira, José da Silva Rolim e Carlos Toledo.

Esse grupo começou a conspirar, com o objetivo de derrubar o governador e implantar uma República nas Minas, que depois se estenderia às demais capitanias. Tinham planos militares, econômicos, sociais e políticos, que incluíam a abolição da escravatura e o estímulo à indústria, então proibida no Brasil.

Condenados

Em março de 1789 a conjuração foi denunciada e o governador mandou prender os envolvidos. Para a maioria dos cerca de vinte presos, foram três longos anos no cárcere, aguardando o julgamento. Em 1792, foram condenados ao exílio na África e só Tiradentes, por ter assumido sozinho a culpa, à morte na forca. Cláudio Manoel da Costa, ex-secretário de governo, sabia demais e temia-se que seus depoimentos pudessem incriminar o próprio governador. Não chegou a ser levado prisioneiro ao Rio de Janeiro, como os outros, sendo assassinado na cadeia ainda em Vila Rica, em julho de 1789.

Embora o cenário principal dos acontecimentos fosse Vila Rica (hoje Ouro Preto), então capital das Minas, São João del Rei tem lugar assegurado na história do movimento por fatores tais como:

* Tiradentes, que por ter sido o único a receber a pena de morte, passaria à História como o mártir e o mais conhecido dos inconfidentes (embora não fosse o líder, posição que cabia a Tomás Antônio Gonzaga), era nascido na Fazenda do Pombal, na época pertencente a São João del-Rei.

* Alvarenga Peixoto, outro dos principais participantes do movimento, exercia o importante cargo de ouvidor do Rio das Mortes, sendo casado com a Bárbara Eliodora, de ilustre família ali radicada.

* Nos planos dos inconfidentes, São João del Rei seria a capital da nova República, passando a sediar uma Universidade.

Resumindo, a Inconfidência foi um movimento bem articulado que pretendia a libertação política do Brasil, antecipando em trinta anos a Independência e em um século a República e a Abolição. Constitui um dos momentos mais altos de nossa História, pelos ideais e o heroísmo envolvidos. Tivesse sido vitoriosa e certamente o Brasil de hoje seria diferente.

© Texto por Sérgio Amaral

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