JOSÉ MATOL

José Matol, oriundo de Portugal, foi das mais destacadas figuras de São João del-Rei antigo e um dos poucos com a memória até hoje perpetuada na sua toponímia popular, dando nome ao Matola. Há ainda, no Distrito de Emboabas, um Córrego do Matola, numa região conhecida com a mesma denominação, embora não se possa afirmar que a origem seja a mesma.

A primeira notícia sobre José Matol foi registrada por José Álvares de Oliveira, quando se refere à instalação de um corpo de tropas auxiliares integrado pelos emboabas do Rio das Mortes, criado pelo governador Lencastre quando esteve no Arraial Novo (1709). Matol teve o posto de capitão, sendo mais tarde promovido a sargento-mor.
Após o episódio do Capão da Traição os emboabas, sentindo-se inseguros no Arraial Novo, trataram de fortificá-lo. José Matol planificou e dirigiu as obras. Nos combates havidos foi ferido gravemente no peito e na cabeça. Terminada a luta com a retirada dos paulistas e o incêndio do arraial, resolveram os emboabas levantar novo arraial fortificado, não no mesmo local mas na vargem, próximo ao Porto da Passagem, cabendo-lhe, ainda não de todo curado dos ferimentos, delinear uma fortaleza de "figura pentágona", para onde se transferiram.

Foi eleito para o cargo de juiz-ordinário do Senado da Câmara em quatro mandatos: 1717, 1721, 1729 e 1733, conforme registra o historiador são-joanense Luís de Melo Alvarenga (1985, p. 15). Em 1724 obteve sesmaria de terras "da outra parte do Canindaí [certamente Rio Carandaí" (Revista, 1988, v. 2, p. 25).

Um dos mais significativos méritos de José Matol foi ter registrado os fatos da história primitiva destas plagas do Rio das Mortes, como contemporâneo ou testemunha ocular e, muitas das vezes, participante. Em princípios de 1730 embarcou para o Brasil o padre Diogo Soares, matemático, cartógrafo e geógrafo, nomeado no ano anterior Geógrafo Régio do Estado do Brasil, para fazer mapas das terras do dito Estado, não só pela marinha, como pelos sertões" (Alvarenga, 1985, p. 9). Calcula-se que esteve nas Minas Gerais por volta de 1732, incluindo a Vila de São João del-Rei, onde, supõe-se, contactou Matol. O relatório que este redigiu para o padre Diogo, com informações sobre os primeiros anos do povoamento e da descoberta do ouro no Rio das Mortes, reproduzido por Afonso de E. Taunay em Relatos Sertanistas (1981, p. 176-178), é um documento básico para o conhecimento da história da região. Sob o título Notícia - 4.a Prática - Que dá ao R. P. Diogo Soares, o sargento-mor José Mattos sobre os descobrimentos do Famoso Rio das Mortes, descreve com clareza e segurança os descobertos do Arraial de Santo Antônio ou Arraial Velho (Tiradentes), do Ribeirão São Francisco Xavier e do Morro das Mercês - Arraial Novo (São João del-Rei).

Tal como transcrito no livro de Taunay, o sobrenome Matol aparece, nesse relato, trocado por Mattos, equívoco já anteriormente cometido por outros autores. Luís de MeIo Alvarenga (1985, p. 7-16) explica que o 1 final do texto manuscrito foi confundido e tomado como s - talvez pela razão de Matol ser sobrenome pouco usual. Esclarece ainda que, na época, não havia no Rio das Mortes nenhum José Mattos em condições de ter elaborado tal redação.

Em 1751, José Matol ainda vivia. Nesse ano a Câmara pagou-lhe vinte oitavas de ouro.

GUIMARÃES, Geraldo. São João del-Rei - Século XVIII - História sumária.
1996, págs. 102, 103, 104.



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