AMBRÓSIO CALDEIRA BRANT

Ambrósio Caldeira Brant foi uma das figuras de maior realce nos primeiros tempos de São João del-Rei. Descendente de famílias tradicionais e fidalgas de Portugal, fixou-se no Rio das Mortes nos primeiros anos do século. A mais remota notícia que dele temos é referente aos episódios acontecidos no Arraial Novo em 1709, registrada por Álvares de Oliveira. Em sua casa se hospedou D. Fernando Martins Mascarenhas de Lencastre, quando veio tentar pacificar a região. Naquela oportunidade, o governador outorgou-lhe o posto de sargento-mor, passando Brant a ter comando dos emboabas do Rio das Mortes, sendo bem mais tarde promovido a
mestre-de-campo.

Foi também em sua casa, é quase certo, que se homiziaram os emboabas, dela fazendo forte, quando os paulistas Simão Pereira de Faro e seu sobrinho José Machado foram assassinados, em junho de 1707. O Fortim dos Emboabas, designação dada a uma casa antiga do Alto das Mercês, é apenas mais uma lenda. Ainda na casa de Caldeira Brant estabeleceram os paulistas seu quartel-general quando da expedição e do ataque às fortificações emboabas do Arraial Novo (1709). Em outubro do mesmo ano hospedou-se também ali o governador Antônio de Albuquerque.

Em 1713, com a elevação do Arraial Novo a vila, Ambrósio Caldeira Brant e Pedro de Morais Raposo foram eleitos juízes do Senado da Câmara - as maiores autoridades na hierarquia da administração da vila. Como a Câmara não dispunha de sede própria, suas sessões eram realizadas nas residências de seus membros, a maioria na de Brant. Somente em 1719 a Câmara instalou-se em imóvel adquirido no local que até os dias de hoje é conhecido como Largo da Câmara (Praça Barão de Itambé).

Sua residência era a melhor da vila, com capela particular e situada em ampla área de terras, posteriormente ocupadas pelo Asilo São Francisco, pelo Batalhão Tiradentes, pelo Colégio N. S. das Dores e, possivelmente, também pelas edificações da Santa Casa da Misericórdia. A posse definitiva e legal dessas terras, que antes eram patrimônio da vila, deu-se em 1714 por resolução do Senado da Câmara.

Era pai de Felisberto Caldeira Brant, o célebre Contratador dos Diamantes, preso no Arraial do Tijuco (Diamantina) por ordem do Marquês de Pombal, devido a desentendimentos com o ouvidor, disputas pelo poder e intrigas políticas. Remetido para Portugal, a prisão em que se encontrava, por ocasião do terremoto de Lisboa (1755), transformou-se em ruínas, mas Felisberto apresentou-se as autoridades. Por esse ato de lealdade foi perdoado. Quase nada aproveitou da liberdade, morrendo pouco tempo depois, ainda em Lisboa.

GUIMARÃES, Geraldo. São João del-Rei - Século XVIII - História sumária.
1996, págs. 101, 102.



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Críticas e Dúvidas

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